Dez fotos, de tudo o que mais gosto.

Gente,
Esse post foge da nossa agenda. Mas percebi que não estava havendo leitura nas postagens nem participações, e resolvi passar a agenda para quando houvesse mais atrevimento dos leitores no blog. Então hoje vim fazer uma coisa mais descontraída. Vi num blog, que adoro conferir, um tipo de brincadeira que tínhamos que dizer as dez coisas (em fotos) do que mais gostamos. Adorei a idéia. E fiquei pensando qual seriam minhas dez fotos. Então, com muita dor por cortar algumas, escolhi essas abaixo.



Meu Filho: Rafael
Gente, o pior, é que fiquei um tempão olhando minha lista, e sabia que estava faltando alguma coisa. Olhei, olhei novamente e não conseguia enxergar o que faltava. Quando alguém do meu lado gritou, e percebi o que era. kkkkk
Esse é meu baby boy. Ele é esperto, adora carrinhos da Hot Wheells. Muito orgulhoso para a idade dele. Grita como ninguém. Tem os meus olhos. Fala frases que só ele entende. Come muita pipoca Bokus. Dorme agarrado com um edredon enorme e rosa que ele chama de "paninho". Consegue me deixar louca em algumas momentos, com vontade de sumir ou arrancar as trompas. E em outras vezes é meu porto seguro. Tento encara-lo como um filho e como um amigo. Como um grande aprendizado que é necessário para minha evolução, e para a evolução dele.



Livros 
Nossa, seria uma dificuldade se eu tivesse que dizer quais os meus prediletos. Tenho vários. Eu sou uma pequena traça da leitura. E se os livros me fizerem chorar então...
Meu pai me deu meu primeiro livro, que não era de criança, quando eu tinha doze anos. O Alquimista. Essa idéia de magia na vida sempre me foi convidativa. E Paulo Coelho me apresentou títulos como Diário de um mago e Brida. Me encantei. Meu pai tinha a mania de grifar as passagens que ele mais gostava dos livros. A maioria dos seus livros tinham mais riscos e anotações que qualquer coisa. Eu cresci em meio a palavras de tanta gente. Palavras não ditas. Personagens que eu coloco cores e vida. Esse poder me enchia. Sou o tipo de pessoa que chora lendo O caçador de Pipas. Que leu Crepúsculo em doze horas porque Edward era o o sonho de vida. Que leu Harry Potter mais de cinco vézes cada um deles. Que deixa mensagens na frente dos livros, e mensagens atrás. Sou o tipo de pessoa que nunca lê a última página. Odeio despedidas.



Scrapbook
Essa minha outra paixão apareceu há menos de dois anos. Uma amiga me apresentou e foi amor a primeira vista. Não posso ver um papel diferente, ou um carimbo que não tenho que fico louca. Como material de scrap é caro, faço compras há cada dois meses. Faço vários trabalhos de uma vez, e ás vézes, paro de fazer por muito tempo. Mas mantenho minha mesa sempre pertinho. Com cola, fitas, botões, tesoura, e claro: papel.
O scrapbook me mostrou um jeito de recordar momentos da maneira que quero. Desejo que meu filho no futuro veja que tipo de pensamento tive em diferentes fotografias. O que se passava em cada uma delas. Amo a idéia.


Fotografia
Essa paixão me é frustrante. Fico horas na net olhando câmeras fotográficas que compraria se tivesse dinheiro. Já pensei em pedir empréstimo para comprar uma. Mas quando lembro que tenho alguém que depende do meu dinheiro, desisto.
Mês passado comprei uma Sony comum. Ela quebra o galho.
Amo principalmente fotografias de momentos históricos. Amo o trabalho do Sebastião Salgado, que é um repórter de uma sensibilidade extrema com as emoções humanas. Tenho vários outros amores na fotografia.
Adoro também fotos antigas de minha cidade. Fico as olhando, pensando em como aquele lugar está nesse momento. E é tudo tão mágico imaginar o que aquelas pessoas paradas pensavam naquele momento. O que elas diziam. O que sentiam.
Fotografia é o congelamento de partículas emotivas singulares de um tempo qualquer.


Dança
Gente esse amor foi tão inesperado na minha vida que ainda hoje me pego pensando quando começou. Passei de alguém que dançava no colégio por causa de pontos, à uma pessoa que sente a dança em cada parte do corpo. Que fecha os olhos e se deixa levar pelo sentimento da música.
Música também estaria nessa lista. Mas como para mim uma coisa esta infinitamente ligada a outra. Resolvi compacta-las.
Danças prediletas: Contemporânea, Jazz, Rumba, salsa, chá-chá-chá, Mambo, lambada...
São muitas.
Não sou profissional em nenhuma delas. Mas sinto cada uma, basta colocar um tipo de música, e internamente estarei me mexendo.


Glee
Esse amor da minha vida já rendeu muitos comentários.
A maioria das pessoas acha uma babaquice.
Mas sinceramente, adoroooooooooooooooo
Eu comecei a dar aula a adolescentes há alguns anos atrás. Eram aulas de teatro, dança, circo. Fazíamos de tudo um pouco. E aprendi tanto com eles.
Esse universo teen me encanta muito. Os adolescentes tem problemas que nós adultos julgamos idiotas, quando passamos por isso naquela época também. E esquecemos como sofremos, como choramos.
As pessoas que julgam mal Glee, são aqueles que esqueceram, ou fingem esquecer o que esse mundo era. Ou aquelas que preferem as músicas no original (caso do meu marido). Mas até essas pessoas percebem que trazer músicas que os jovens de hoje não conhecem é importante. Pergunte quantos meninos de treze anos conhecem Queen. Você verá a resposta.
Glee traz temas recentes para jovens, que são os antigos com termos diferentes, como homossexualismo, bulling, sonhos perdidos.
Para adolescentes que não conhecem... CONHEÇAM!!!
Para os que conhecem e não gostam... ME PERDOE!
Para os que gostam... PARABÉNS!
Porque o mundos dos adultos não é tão legal quanto vocês acham. E a melhor fase é essa que sofremos e choramos sem ninguém do seu lado pra te dizer que você é idiota porque não cresceu. Você pode errar. Melhor... Você deve errar.


Estilo Tim Burton
Isso pode ser um pouco diferente, mas sou louca, completamente pirada por esse estilo do Tim Burton trabalhar.
Para quem não o conhece, é o diretor de filmes como
Edward, mãos de Tesoura
Alice no país das maravilhas
A fantástica fábrica de chocolate
A lenda do cavaleiro sem cabeça
Peixe grande
Ele tem esse jeito de olhar uma situação que acho perfeito. Tudo nos seus filmes tem um tom sombrio. Tudo é bem outono ou inferno. É frio e escroto. A morte é bela. Esse tipo de coisa.
Foi dele que tirei inspiração para muitos figurinos que imaginei ou cenários que pensei. Inclusive, do book fotográfico que quero fazer. Tô pensando os figurinos em cima das maluquices dele.


Vintage
Tudo o que tenha haver com coisas antigas.
Eu tenho certeza de que já vivi em outras vidas por conta da minha paixão por épocas antigas.
Roupas da década de 50 ou 60. Móveis que só encontro em venda de usados, ou em casas de velhos. Adoro reformar coisas novas e deixa-las com cara de antiga. E pegar coisas antigas e reformar com cores novas. Amo o clássico, a beleza do Vintage.


Broadway
Essa paixão é antiiiiigaa!!!
Meu sonho é pisar na Times Square e ver os cartazes dos musicais estampados e enormes na minha frente. Eu acho que enlouqueceria.
Eu faço coleção de musicais. Já cheguei a pagar R$ 60,00 por um DVD porque ele era bem antigo, e tinha ótimas cenas com músicas.
Eu ainda choro numa boa interpretação de Maybe This Time (Cabaret) ou de Don't rain on my parade (Funny girl).
Quem não conhece a célebre cena de Cantando na chuva de Gene Kelly?
Os musicais são lendários. Vivem até hoje no coração de New York. E são sonhos de alguns cantores pelo mundo.
Deus não dá asas a cobra, porque se eu soubesse cantar, já tinha batido naqueles teatros há anos. Mesmo que tivesse que ir escondida na mala de alguém.
Meus prediletos:
Cabaret
The Rocky Horror Picture Show
West side Story
Fantasma da ópera
Cantando na chuva
Moulin Rouge
Chicago
Hair
O despertar da primavera
E tem vários outros. Confiram vídeos no youtube.


Internet
O único motivo, é a possibilidade de aceleração de notícias. Além do que. A maioria dos meus outros sonhos são concretizados por causa da internet.
Esse amor é comum a muitos de nós.

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Bom gente, essas foram minhas dez fotos de coisas que amo. Se vocês quiseram brincar também, sintam-se à
vontade para participar. É bom lembrar daquilo que te faz bem. Daquilo que te regenera. Que te eleva.
Minha família não aparece muito por aqui. Mas é que eles já são tão preciosos do jeito deles. Já dão tanta contribuição a minha vida que não vejo necessidade de falar desse amos. Tirando do meu filho, porque esse é mais que filho.
Mas saibam, que minha mãe que é minha base. Meu pai agora é uma lembrança boa.  Meu marido, que é responsável pelas verdades que preciso ouvir. Meu irmão que é "O irmão". Minha família que está afastada, mas que me é super presente. A família que conquistamos que são os amigos.
Somos um pouco do que absorvemos e somos tudo o que exercitamos.

muitos beijos!
E espero participações.

Click's maravilhosos (Dona Flor)

Gente amo o trabalho dessa madame. É uma fotógrafa ,de Maceió (minha terra), que costuma fazer book's fantásticos, e no meu ver tem um talento muito grande para assimilar um sentimento, e uma facilidade em transbordar emoção em suas fotos.
Aqui estou colocando uma das minhas prediletas.

Não tem nem como negar a sensibilidade da artista não é?
E aqui está o contato dela.
Passam lá, confiram mais do seu trabalhinho, e marquem seu book!

donaflorfotografia.blogspot.com

Florzinha, você já sabe que adoro seu trabalho. Desejo muito sucesso para você sempre!

Retalhos de alguém (O Apanhador no campo de centeio)


O livro de hoje será 
O APANHADOR NO CAMPO DE CENTEIO



Resenha de Marco Antônio Bart

O que faz com que um livro narrando acontecimentos quase banais, ocorridos com um adolescente que não tem nada de extraordinário, transforme-se na mais acurada e sensível crônica da juventude deste século? Só os espertos que chegaram a ler O Apanhador no Campo de Centeio, do escritor americano J.D. Salinger, é que podem dizer com certeza. Prestes a completar 47 anos de publicação - surgiu em 1951, antes mesmo dos pais da maioria de vocês nascerem - a novela de Salinger é não só uma das mais marcantes obras da literatura norte-americana contemporânea; é também um marco na longa estrada que os jovens trilharam (e ainda trilham) para provar que têm direito a uma voz e uma visão de mundo próprias.

É bastante possível que você nunca tenha lido O Apanhador. No entanto, se você tem um mínimo de "antenidade" com o mundo que o cerca, muito provavelmente já leu ou ouviu alguma alusão ao livro no cinema, em jornal, revistas ou em outros livros. O fato é que este singelo romance de 1951 virou lenda ao longo dos anos, e fez de seu autor, Jerome David Salinger, um dos maiores mistérios da história recente da literatura. A pequena revolução que O Apanhador causou no comportamento da juventude americana - e por tabela, no comportamento da juventude do mundo todo - ecooa até hoje, fazendo parte da cultura da segunda metade de nosso corrente século.

O Apanhador narra um fim-de-semana na vida de Holden Caulfield, jovem de 17 anos vindo de uma família abastada de Nova York. Holden, estudante de um pomposo internato para rapazes, volta para casa mais cedo no inverno depois de ter levado bomba coletiva em quase todas as matérias. Na volta para casa, ao se preparar para enfrentar o inevitável esporro da família, Holden vai refletindo sobre tudo o que (pouco) viveu, repassa sua peculiar visão de mundo e tenta enxergar alguma diretriz para seu futuro. Antes de se defrontar com os pais, procura algumas pessoas importantes para si (um professor, uma antiga namorada, sua irmãzinha) e tenta lhes explicar a confusão que passa por sua cabeça.

E é só isso aí. Não há nada de mais trágico, ou dramático, na história; é só um adolescente voltando para casa. A grande magia de O Apanhador é justamente esta: ser uma história de e para adolescentes, e não meramente um livro "recomendado para leitores em idade escolar". Foi a primeira vez na literatura americana (ou mesmo na mundial) que o universo próprio dos jovens foi estudado a fundo e exposto de maneira absolutamente natural, sem nenhuma pretensão ou didatismo. As idéias, conceitos, bobeiras, burrices, enfim, toda a loucura de ser jovem, nunca tinham sido traduzidos de uma maneira tão profundamente sintonizada com a realidade.

Vale um aparte aqui: antes de O Apanhador, simplesmente não existia esta coisa que há hoje de "cultura jovem". Pode ser difícil de acreditar, mas há meros 50 anos os jovens (e sua maneira de pensar, suas idéias próprias e suas aspirações) não eram levados a sério pelos adultos de forma alguma. Ser jovem, nos anos pré-Elvis Presley, era apenas estar em um estágio irritante entre criança e o "homem feito", uma fase que devia passar o mais rápido possível e sem maiores dores. O que não quer dizer que os jovens não tivessem seus anseios e preocupações - que não eram infantis nem adultas - mas que eram ignoradas pelos mais velhos. O Apanhador, com seu relato sem retoques de tudo aquilo que realmente se passa na mente de um adolescente, ajudou a tornar a sociedade mais atenta à barra (às vezes, pesada) que é ser jovem.

E o talento sem tamanho de J.D. Salinger é um dos maiores responsáveis pelo status cult do livro até hoje. Apesar de já ter passado longe da adolescência quando escreveu a obra (estava com 32 anos quando o livro saiu), o autor penetrou de forma admirável na maneira própria que os jovens têm para se expressar. O livro marcou época por seu uso ousado de gírias, e expressões e referências "chulas" - que andavam na boca da rapaziada da época. Salinger colocou em Holden Caulfield, de forma realista e convincente, tudo o que se passa na cabeça de um rapaz de 17 anos: as preocupações com o futuro, a incerteza de todo o mundo que passa por esta fase, as garotas (claro!)... Tudo de uma maneira que nunca havia sido vista antes, com liberdade de estilo, inteligência e um raro sentimento de proximidade com o universo jovem.

O mesmo sucesso que consagrou de vez o talento de Salinger (que já vinha, desde os anos 40, publicando contos em revistas) foi sem dúvida o responsável pelo rumo inesperado que sua carreira (e sua vida) tomou desde então. O Apanhador, seu primeiro romance (e único volume de material inédito) tornou-se uma coqueluche instantânea entre os jovens americanos, enlouquecidos ao finalmente conseguirem se identificar de forma tão perfeita com um herói de literatura. Engraçado, comovente e forte, o livro é literatura de primeira: leve e ágil, próprio para gente jovem (que ainda não "tem paciência com esta coisa de literatura"). Mas com estilo totalmente próprio e marcante.

Depois de vender 15 milhões de exemplares e virar uma celebridade mundial, Salinger - notoriamente tímido e agressivamente modesto em relação a seu talento - primeiro isolou-se em uma casa no topo de uma montanha, em uma cidadezinha de mil habitantes. Depois foi diminuindo o ritmo de produção (publicou seu último conto, Hapworth 16, 1924, em 1965, na revista The New Yorker) e afinal cortou qualquer contato com a mídia. Não concede entrevistas, não se deixa fotografar e nunca permitiu que nenhum dos seus livros fosse adaptado para o cinema (assim como o próprio Holden Caulfield, Salinger odeia cinema). Em dezembro de 1997, o escritor, do alto de seus 78 anos, autorizou afinal o lançamento de seu quinto livro (justamente a publicação em capa dura de Hapworth 16, 1924), o primeiro em 34 anos. (Parece o My Bloody Valentine.)

A mística sobre o autor de O Apanhador não se sobrepôs ao impacto da obra em si. Holden Caulfield e suas desventuras se tornaram precursores do mito da juventude rebelde - Holden contesta os mais velhos e não quer se tornar como eles, a quem considera farsantes. Toda a sua luta é para preservar os valores que ele acha verdadeiros e sinceros. Pode-se dizer que a figura de James Dean, o rebelde sem causa, é filhote da cruzada de Holden por sua integridade. O livro foi citado por incontáveis bocas célebres ao longo dos anos, em filmes e outros livros. Uma das notas tristes na "biografia" da obra é que o livro teria inspirado o maluco Mark Chapman a cometer o ato que o tornou macabramente famoso - assassinar John Lennon, em 1980. Mas nem por isto O Apanhador deixou de ser um dos livros indispensáveis (talvez o único realmente indispensável) na formação de qualquer jovem que deseja compreender melhor a si mesmo, e como o mundo o enxerga - e a seus colegas. Eu mesmo li duas vezes: a primeira aos 12 anos, a segunda - no original em inglês, mais engraçado ainda - aos 19. E ainda vou encarar uma terceira, assim que achar um exemplar em algum sebo: o livro, editado pela Editora do Autor, anda bastante arredio. Mas quem achar, agarre na hora. É a fonte da eterna juventude.

Leia, e me conte o que achou.

Cenário

Gente essa postagem está atrasada. Era para ela ter saído ontem. Mas me atarefei e não pude vir colocar. Na verdade a postagem dessa semana seria uma enquete. Sei que o blog tem pouco e quase nenhum acesso. Tenho quatro pessoas que o seguem mesmo depois de tamanha divulgação. Mas queria propor uma discussão a quem passa por aqui. E espero que quem passar possa opinar sobre o assunto.

 Porque os livros são tão caros no Brasil? Isso já é uma herança cultural? Pouca procura e daí o preço é alto?
Porque os brasileiros não param para ler?

Estou contando com a resposta de você para concluir o cenário dessa semana.

Contos (Luís Fernando Veríssimo)

O conto de hoje não é meu. Ando meio sem tempo de passar os meus para o computador. Então trouxe um de um escritor que amo de paixão. E esse conto em especial adoroooooo...
Espero que gostem!

LIXO


Encontram-se na área de serviço. Cada um com o seu pacote de lixo. É a primeira vez que se falam. 


- Bom dia.

- Bom dia.

- A senhora é do 610.

- E o senhor do 612.

- Eu ainda não lhe conhecia pessoalmente...

- Pois é ... - Desculpe a minha indiscrição, mastenho visto o seu lixo ...

- O meu quê?

- O seu lixo.

- Ah...

- Reparei que nunca é muito. Sua família deve ser pequena.

- Na verdade sou só eu.

- Humm. Notei também que o senhor usa muito comida em lata.

- É que eu tenho que fazer minha própria comida. E como não sei cozinhar .

- Entendo.

- A senhora também .

- Me chama de você.

- Você também perdoe a minha indiscrição, mas tenho visto alguns restos de comida em seu lixo. Champignons, coisas assim.

- É que eu gosto muito de cozinhar. Fazer pratos diferentes. Mas como moro sozinha, às vezes sobra.

- A senhora... Você não tem família?

- Tenho, mas não aqui.

- No Espírito Santo.

- Como é que você sabe?

- Vejo uns envelopes no seu lixo. Do Espírito Santo.

- É. Mamãe escreve todas as semanas.

- Ela é professora?

- Isso é incrível! Como você adivinhou?

- Pela letra no envelope. Achei que era letra de professora.

- O senhor não recebe muitas cartas. A julgar pelo seu lixo.

- Pois é ...

- No outro dia, tinha um envelope de telegrama amassado.

- É.

- Más notícias?

- Meu pai. Morreu.

- Sinto muito.

- Ele já estava bem velhinho. Lá no Sul. Há tempos não nos víamos.

- Foi por isso que você recomeçou a fumar?

- Como é que você sabe?

- De um dia para o outro começaram a aparecer carteiras de cigarro amassadas no seu lixo.

- É verdade. Mas consegui parar outra vez.

- Eu, graças a Deus, nunca fumei.

- Eu sei, mas tenho visto uns vidrinhos de comprimidos no seu lixo...

- Tranqüilizantes. Foi uma fase. Já passou.

- Você brigou com o namorado, certo?

- Isso você também descobriu no lixo?

- Primeiro o buquê de flores, com o cartãozinho, jogado fora. Depois, muito lenço de papel.

- É, chorei bastante, mas já passou.

- Mas hoje ainda tem uns lencinhos.

- É que estou com um pouco de coriza.

- Ah.

- Vejo muita revista de palavras cruzadas no seu lixo.

- É. Sim. Bem. Eu fico muito em casa. Não saio muito. Sabe como é.

- Namorada?

- Não.

- Mas há uns dias tinha uma fotografia de mulher no seu lixo. Até bonitinha.

- Eu estava limpando umas gavetas. Coisa antiga.

- Você não rasgou a fotografia. Isso significa que, no fundo, você quer que ela volte.

- Você está analisando o meu lixo!

- Não posso negar que o seu lixo me interessou.

- Engraçado. Quando examinei o seu lixo,decidi que gostaria de conhecê-la . Acho que foi a poesia.

- Não! Você viu meus poemas?

- Vi e gostei muito.

- Mas são muito ruins!

- Se você achasse eles ruins mesmos, teria rasgado. Eles só estavam dobrados.

- Se eu soubesse que você ia ler ...

- Só não fiquei com ele porque, afinal, estaria roubando. Se bem que, não sei: o lixo da pessoa ainda é propriedade dela?

- Acho que não. Lixo é domínio público.

- Você tem razão. Através dos lixo, o particular se torna público. O que sobra da nossa vida privada se integra com a sobra dos
outros. O lixo é comunitário. É a nossa parte mais social. Será isso?

- Bom, aí você já está indo fundo demais no lixo. Acho que...

- Ontem, no seu lixo.

- O quê?

- Me enganei, ou eram cascas de camarão?

- Acertou. Comprei uns camarões graúdos e descasquei.

- Eu adoro camarão.

- Descasquei, mas ainda não comi. Quem sabe a gente pode... Jantar juntos?

- É. Não quero dar trabalho.

- Trabalho nenhum.

- Vai sujar a sua cozinha.

- Nada. Num instante se limpa tudo e põe os restos fora.

- No seu lixo ou no meu...

Luis Fernando Veríssimo 

Viva som! (Rent)


O musical de hoje não é muito conhecido. Na verdade nunca tinha escutado falar nele até o dia em que me encantei por uma música de seu repertório. Uma música que só contem alguns versos, mas conseguiu mexer comigo.

Sinopse
Inspirado na ópera "La Bohéme", de Puccini, este filme narra a vida de uma comunidade residente numa casa, na zona leste de Nova Iorque. Nada preocupados com o dia de amanhã, dedicam-se à boémia, sexo e drogas, mas também sofrem com as consequências dessa atitude, a Sida, por exemplo. Um deles desiste dessa opção de vida e acaba por comprar a casa onde vivem, para a alugar aos restantes, renegando tudo aquilo em que dizia acreditar.
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Na verdade eu não cheguei a assistir o filme. Me encantei pela música e pelos vídeos que consegui pelo youtube. 
Se alguém já assistiu ou assistir me conta como é. Tô tentando baixar pela internet, mas a taxa de transferência esta horrível. 
O nome da música que eu amei é Will I. Aqui estão os links do youtube da Broadway e do cinema.
http://www.youtube.com/watch?v=tmg2JRW_8uY&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=wgQq8TTty9A

Divirtam-se

bjus

Movimento do momento (SYTYCD)

Há algum tempo colocamos TV à cabo em casa. E isso mudou a vida de todos aqui. Meu filho passa o dia, se deixar, vendo Discovery Kids, meu marido vendo National Geografic e eu Warner.
Com essa nova rotina televisa de nossas vidas, achei no canal LIV, por acaso, um programa de dança chamado So you think you can dance. 
Ele mistura ritmos que amo. Como um reality show com eliminatórias. Muito legal para quem gosta de dança. 
Há algumas semanas assisti uma apresentação de dança contemporânea que amei. Com uma música perfeita. 

Esse talvez não seja meu vídeo predileto entre tantos maravilhosos, mas com certeza é um deles. Se vocês se interessarem passem lá no Youtube. Coloquem a sigla que está no título dessa postagem. Vocês vão conferir vários estilos de dança, cada uma melhor que a outra. 
E para quem gostou da música e quiser baixá-la, se chama Falling Slowly do The Frames. Olhem a letra também. É lindona. 
bjus a todos

Click's maravilhosos (Sebastião Salgado)

Gente esse post era pra ter saído ontem. Mas fiquei sem internet desde domingo, então ele está bem atrasado.
Mas vamos recuperar o prejuízo.
O click's de hoje é em homenagem a um fotógrafo que amo demais o trabalho. Ele é a primeira pessoa que vem em minha cabeça quando penso em fotografias lindamente dolorosas.
Aqui vai um pouco de sua história.
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O fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado é um dos repórteres fotográficos contemporâneos mais respeitados no mundo. Salgado, que foi nomeado Representante Especial da Unicef em 3 de Abril de 2001, dedicou-se a fotografar as vidas dos deserdados do mundo. Esse trabalho está documentado em 10 livros e muitas exposições que lhe valeram a maioria dos prémios de fotografia em todo o mundo. "Desejo que cada pessoa que entra numa das minhas exposições seja, ao sair, uma pessoa diferente.", comenta Sebastião Salgado. "Creio que toda a gente pode ajudar, não necessariamente dando bem materiais, mas também tomando parte do debate e preocupando-se pelo que sucede no mundo."
:Natural de Aimorés, Minas Gerais, onde nasceu em 1944, Sebastião Salgado é o sexto e o único filho homem de uma família com oito filhos. Estudou economia no Brasil entre 1964 e 67. Fez mestrado na mesma área na Universidade de São Paulo e na Vanderbilt University (EUA). Após completar os seus estudos para o doutoramento em economia pela Universidade de Paris, em 1971, trabalhou para a Organização Internacional do Café até 1973. Depois de pedir emprestada a câmera da sua mulher, Lélia, para uma viagem a África, Salgado decidiu, em 1973, trocar a economia pela fotografia. Trabalhou para as agências Sygma (1974-1975) e Gamma (1975-1979). Eleito membro da Magnum Photos, uma cooperativa internacional de fotógrafos, permaneceu na organização de 1979 a 1994. De Paris, onde vivia, Salgado viajou para cobrir acontecimentos como as guerras na Angola e no Saara espanhol, o sequestro de israelitas em Entebbe e o atentado contra o presidente norte-americano Ronald Reagan. Paralelamente, passou a dedicar-se a projectos de documentários mais elaborados e pessoais. Viajando pela América Latina durante sete anos (1977-1984), Salgado foi a pé a povoados remotos. Neles capturou as imagens para o livro e a exposição Outras Américas (1986), um estudo das diferentes culturas da população rural e da resistência cultural dos índios e de seus descendentes no México e no Brasil. Nos anos 80, trabalhou 15 meses com o grupo francês Médicos Sem Fronteiras durante a seca na região do Sahel, na África. Na viagem produziu Sahel: O Homem em Pânico (1986), um documento sobre a dignidade e a perseverança de pessoas nas mais extremas condições. Entre 1986 e 1992, fez Trabalhadores (1993), um documentário fotográfico sobre o fim do trabalho manual em grande escala em 26 países. Em seguida, produziu Terra: Luta dos Sem-Terra (1997), sobre a luta pela terra no Brasil, e Êxodos e Crianças (2000), retratando a vida de retirantes, refugiados e migrantes de 41 países.
:Fotógrafo reconhecido internacionalmente e adepto da tradição da "fotografia engajada", Sebastião Salgado recebeu praticamente todos os principais prémios de fotografia do mundo como reconhecimento por seu trabalho. Em 1994 fundou sua própria agência de notícias, a Imagens da Amazónia, que representa o fotógrafo e seu trabalho. Salgado mora actualmente em Paris com sua esposa e colaboradora, Lélia Wanick Salgado, autora do projecto gráfico da maioria de seus livros. O casal tem dois filhos.

Um pouco de seu trabalho:





Uma observação.

Gente toda quinta deveria ser o dia do tema cenário. Mas como ele já havia sido postado há uns dias atrás não me preocupei em fazer o dessa semana. Teremos o da semana que vem. E será ótimo. Não deixe de vir conferir.

bjus

Retalhos de alguém (Pequena abelha)




Não queremos lhe contar O QUE ACONTECE nesse livro.
É realmente uma HISTÓRIA ESPECIAL, e não queremos estragá-la.
AINDA ASSIM, você precisa saber algo para se interessar, por isso vamos dizer apenas o seguinte:
Essa é a história de duas mulheres cujas vidas se chocam num dia fatídico. Então, uma delas precisa tomar uma decisão terrível, daquelas que, esperamos, você nunca tenha de enfrentar. Dois anos mais tarde, elas se reencontram. E tudo começa…
Depois de ler esse livro, você vai querer comentá-lo com seus amigos. Quando o fizer, por favor, não lhes diga o que acontece. O encanto está sobretudo na maneira como essa narrativa se desenrola.

É assim que a sinopse do livro nos apresenta. Com uma mensagem preliminar que nos deixa no mínimo curiosos pelo o que acontece na história. E com essa mensagem e algumas resenhas que li acerca do livro, ele pulou para o primeiro lugar da minha lista de livros que quero comprar. Nesse site tem uma resenha bem bacana acerca do livro. Passem por lá para conferir. E quando eu puder ler, venho colocar minhas impressões para vocês.



Contos! (Doloroso inverno)


O vento sibilava quando batia nos segmentos escuros de arvores enfileiradas em cima da relva. Nada se ouvia alem dele, e nada se queria ouvir. O silencio era aterrorizante. E o vento parecia ser um pressagio do que estava por vir. Com mãos frias enxuguei minhas lagrimas lodosas e infantis. Cruzei as pernas que haviam se arrepiado com o contato frio daquela cadeira que parecia ser tão gélida quanto às ações dos presentes. O Único que permanecia em perfeita sintonia com o sol, que hoje se escondia, era o pensamento, a maquina que não diz querendo dizer. Olhávamos uns para outros pedindo desculpas do que não se pode desculpar. E se podia entender o estomago de alguns pedindo comida. Talvez a melhor parte daquilo tudo: a hora de comer!
Porque alguém se dera o desfrute de morrer em pleno inverno? Ouvi alguém dizer que era a melhor hora para descansar. Contudo no meu ver, não é nada confortável descansar com o barulho da chuva a perturbar o sono. Nem com o calor do sol imagino, nunca o senti, então não posso falar. É humano e pessoal demais sentir o calor do sol. A melhor hora seria o outono, penso eu, as folhas que caem das arvores poderiam dar um toque delicado para lembrar a quem olha, que por mais bonita que seja uma folha, ela um dia vai cair, sempre foi assim, e como se diz: sempre será! A imortalidade da vida é saber que somos mortais.
Uma menininha brinca mais adiante. Ela não combina com as roupas pretas que a vestem. Entram em atrito com os flocos de neve que começam a cair, e com o vermelho que ainda se mantém em seus lábios. Lembrei-me da branca de neve, seus sete anões e o curioso fato de que branca de neve passa por um estado de catalepsia por conta de uma maça, que mal pode haver numa maça? Parece sempre atrativa, com uma forma impecável de nos seduzir, foi ela quem um dia tentou Eva, e que perdurará na historia da humanidade como um fruto proibido, que incrivelmente consegue ser delicioso.
Alguém passa a mão na minha cabeça, eu a puxo, odeio que toquem em mim, odeio o tato. Foi criado apenas para nos tornar mais sensíveis. Qual a vantagem de ser sensível? Os sensíveis morrem cedo, são humanamente loucos e arriscam a própria vida pela dos outros. É melhor ser louco sem ser humano. A vantagem esta em não precisar dar satisfações, e não ter que salvar a vida de ninguém. Já é difícil demais salvar a própria vida.
Noto que as pessoas ao meu redor começam a se afastar, porém não antes de ter a doce ação de jogar uma rosa no buraco ao chão. Uma rosa... Que irônico!(Incrível como meu cérebro consegue trabalhar dessa forma, me sinto doentia. Sinto-me? Não! Apenas percebo quem sou). A rosa é a perfeita contradição do amor... Bela e perigosa, como qualquer mulher pode ser. Um poder que nos foi agraciado pela mão do que dizem: o criador!
Aposto como ele não pensou antes de criar um animal dessa forma. Por isso nossa sociedade é machista assim... Imagine se invés de Adolf Hitler fosse Olga Hitler. Ou se invés de Nero tivéssemos alguém por Alexandra... Talvez Roma não fosse apenas queimada, nem apenas os judeus sacrificados. Poucas são as grandes mulheres da nossa historia, se fossem muitas, não haveria muitos historiadores para narrá-la.
Vi-me sozinha, a neve deu lugar a uma fina garoa, estava com os lábios ressecados, puxei um hidratante em forma de batom da bolsa e passei. Um coveiro mais adiante me olhava com uma pá inerte nas mãos. Talvez ele tenha percebido como sou facilmente mutável. Enxuguei meu choro, e passei mais blush, não queria me levantar dali pálida daquele jeito.
Olhei para o buraco na minha frente e o cachão da mais fina madeira fechado dentro. Lembrei de tudo o que passei do lado dele. E da forma tão trágica como ele deixou o mundo. Um suicídio não nos leva ao céu. Apesar de ter certeza de que não era esse caminho que ele tomaria.
Um verme.
Daquele tipo que você enjoa só de olhar seu semblante na fotografia.
Do tipo, que te acorda durante a noite puxando sua camisola depois de deixar o leito do quarto ao lado. A paternidade não era seu forte. Nem a humanidade.
O mundo estava dando graças pela sua ausência. E eu? Bom... Não me fez diferença, afinal não se pode sentir quando se tem um algo enegrecido no lugar do coração.
O coveiro não mais me olhava.
E aparentemente ninguém mais restou para deixar a minha despedida ser a mais longa.
Que gesto mais amoroso!
Percebi que havia esquecido a rosa para jogar. Tiraria as pétalas se tivesse lembrado, como não lembrei, cuspi!
Ele não merecia nem meu cuspi, mas tinha que deixar alguma lembrança minha dentro do buraco, talvez o gosto de chiclete da minha boca chamasse mais rápidos a putrefação do seu corpo.
Lembrei que ainda estava com fome, e que muitos aperitivos me esperavam na festa pós-morte. Maravilhosa a idéia não é?
Comemorem a incrível vida que nos resta e a morte de alguém comendo.
Virei as costas e o vento jogou fora meu chapéu e meu cachecol, sorri! Para o vento, para a neve, para a justiça divina, e para a terrena principalmente. Contudo me lembrarei que da próxima vez deixo a corda um pouco mais longa, para o sofrimento ser maior, e quem sabe a marca do seu pescoço nunca saia. Pois terá uma próxima vez, porque enquanto caminho afundando meu sapato nessa relva branca, penso no futuro, tão próximo. E se não nos encontramos na próxima vez... Então meu caro, nos veremos no inferno.

Carol Teles

Viva som! (O Despertar da Primavera)

Como primeiro dia da postagem seguindo nossa agenda está o Viva som, que inclui qualquer postagem musical. E a de hoje será sobre o musical O Despertar da Primavera (Spring Awakening).
A história foi escrita como peça teatral em 1891 pelo alemão Frank Wedekind.
O texto é sobre adolescentes mas o conteúdo é bem maduro. Fale sobre tabus no meio jovem: incesto, homoxesualismo, aborto, suicídio.
São temas bem polêmicos no mundo dos adolescentes onde são poucas as famílias até hoje em dia, mesmo com todo o esclarecimento, que tratam desses asssuntos com seus jovens de uma maneira clara e concisa. Em 2006, Duncan Sheik e Steven Sater trouxeram o rock para o texto de Wedekind e transformaram a peça original num musical. Muito aclamado pela crítica por todo conteúdo e o adicional do rock (que é um tipo de libertação jovem) Spring Awakening ganhou oito prêmios Tony. Que é um tipo de oscar do teatro.Incluindo o de melhor musical. Apenas dois anos depois, Charles Moeller e Claudio Botelho trouxeram o texto para o Brasil. Fazendo uma versão nossa de O Despertar da Primavera. A versão americana levava inicialmente Jonathan Groff como o protagonista Melchior e Lea Michele como Wendla. A versão brasileira tem Pierre Baitelli e Malu Rodrigues como os protagonistas.

O Despertar Original e seu autor
‘O Despertar da Primavera’ se passa na Alemanha no final do século XIX e conta a história de Melchior Gabor e Wendla. Ele, um jovem brilhante e rebelde que ousa questionar os dogmas vigentes. Ela, integrante de uma família de classe média alta, educada por uma mãe com rígidos princípios morais e religiosos. O encontro dos dois irá provocar a explosão do desejo, da vontade de conhecer o sexo e o amor. A história deles se cruza com a de vários outros jovens, como o oprimido e trágico Moritz ou a bela Ilse, que tem a coragem de usufruir de sua liberdade e se aventurar pelo mundo. Todos têm que enfrentar o peso da repressão e do conservadorismo, nos mais diversos estágios da sociedade. Questões como abuso sexual, violência doméstica, gravidez na adolescência, prostituição e suicídio e homossexualismo, entre outros, vêm à tona na vida desses jovens.
A peça original denunciava os preconceitos e o conservadorismo das três principais instituições que regem a educação do homem: a família, a igreja e a escola. É considerada um dos precursores do expressionismo, movimento artístico que se caracterizou por uma oposição ao naturalismo. O teatro expressionista é anti-realista, utilizando-se, quase sempre, de uma dramaturgia combativa com ênfase nos conflitos sociais e de um estilo de cenografia que optava pela fantasia, com espaços que não são mero fundo para a ação teatral, mas interagem e atuam como um novo personagem.
O original de Wedekind causou imensa polêmica na época de seu lançamento por tocar em tabus e levantar a bandeira da liberdade, questionando a repressão tanto no seio da família quanto no sistema de ensino alemão. Sem encontrar editores que bancassem o projeto, o próprio autor financiou a publicação, em edição limitada. A primeira montagem foi apenas em 1906, tendo o jovem Peter Lorre no papel de Moritz e Lotte Lenya como Ilse, mas logo o espetáculo foi proibido, e em 1908 foi vetada qualquer manifestação sobre ‘O Despertar’, com punições que poderiam levar os infratores para a prisão.
Em 1912, Wedekind conseguiu novamente montar o texto na Inglaterra, mas somente em alemão e com portas fechadas.  Nos Estados Unidos, a autorização para uma versão em inglês foi obtida apenas em 1917, mas um dia antes da estreia, em Nova York, o espetáculo foi novamente vetado. Com a mobilização da classe artística local, foi possível uma única apresentação. No ano seguinte, Wedekind faleceu e não pôde assistir ao renascimento da sua peça, que, com o apogeu do nazismo, ficou esquecida durante anos.
A filha de Wedekind, Kadidja, se exilou na América e conseguiu montar o espetáculo na Universidade de Chicago, em 1958. Logo, ‘O Despertar da Primavera’ se tornou obrigatório nas escolas norte-americanas e virou um hino entre os jovens, com uma série de encenações ao redor do mundo.
A primeira montagem profissional e não adulterada de ‘O Despertar da Primavera’ se deu apenas em 1974 na Inglaterra, 83 anos após o texto ter sido escrito. A produção foi extremamente incensada e reverenciada pela crítica, e muito de sua força vinha da brilhante tradução de Edward Bond, “escrupulosamente fiel à poesia e ironia de Wedekind”, segundo o London Times. Esta versão inglesa foi a base de todo o trabalho de adaptação para o musical.
Wedekind foi, sobretudo, um feroz inimigo da hipocrisia social e combateu dogmas da sociedade, especialmente na sua negação dos instintos sexuais. Escreveu espetáculos polêmicos como ‘O Espírito da Terra’, ‘A Caixa de Pandora’, e ‘A Morte e o Demônio’, que compunham a trilogia ‘Lulu’. “Ele pagou um alto preço por ter coragem de desmistificar os tabus e celebrar a vida. A cultura ocidental reverencia a morte, mas recusa o ponto de partida, que é o sexo. Ele sabia que a informação era uma arma poderosa. A ignorância leva ao extermínio”, finaliza Charles.
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Eu li sobre esse musical, baixei a peça escrita e a versão da Broadway. Assisti muitas vezes sem entender o que eles falavam (meu inglês é bem básico) Mas fiquei muito feliz com o que vi. É muito bom quando temos esse tipo de qualidade de texto numa época tão complicada para coisas como adolescentes X sexo. Era comum eles dizerem que quando não se conhece algo, o diabo não atenta. Acredito que isso é pura questão de ponto de vista; e de cultura, claro!
As coisas hoje em dia estão de um jeito diferente. Não vou dizer que é mais fácil, ou mais difícil. Temos mais gravidez hoje em dia do que na época, temos mais incestos, mais homosexualismo?
Acredito que hoje em dia existam mais meios para praticar algumas coisas, e mais divulgação. É impróprio dizer que era menor a quantidade de homosexuais na época. O que acontecia, era que homosexualismo era um tabu absurdo. E como quase não existia divulgação, ou direito de voz aos jovens, ninguém se pronunciava. Aliás, homosexuais existem comprovadamente na história e na literatura desde a antiguidade. Alguem lembra de Alexandre, o Grande?
Uma coisa garanto.
A liberdade mudou o mundo.
Coisas ruins acontecem toda hora. E não era muito diferente há alguns anos atrás. Ou vocês esqueceram que faziam festas em dia de forca?
A sensibilidade humana rumou para outros lados. E cabe a nós zelar pelos nossos jovens. Instruir é a solução hoje em dia. Não adianta fazer de conta que eles não entendem. Vocês já foram adolescentes. Conheceram seus corpos e gostos, e raivas e vontades e desejos na mesma época. Vocês mais que ninguém sabe pelo que seus filhos passam. O seu dever, o nosso dever é mostrar como passar por tudo com maestria.
Deixo então a dica do musical. Do livro. E porque não, da história.
É uma boa obra. É uma libertação dos jovens numa época que liberdade era apenas nome num livro qualquer.
Leiam com seus filhos; e quem sabe eles te digam coisas como... Sempre quis ouvir isso!

Versão americana (Lea Michele e Jonathan Groff)
Frase do cartaz: No fim, só temos uns aos outros.

                                            Versão brasileira (Pierre Baitelli e Malu Rodrigues)

Nova programação do blog.

Quando eu estava me sentindo mal profissionalmente porque não conseguia decidir para o que eu era boa, e no que eu gostaria de trabalhar eu ia a internet e fazia aqueles testes vocacionais Na verdade nunca entendi como eles me ajudariam. Saber quantos triangulos tem dentro de outro triangulo não iria me dizer muita coisa. Sempre acertei a quantidade dos triângulos, contudo odeio cálculo, e estava cansada desses testes me dizerem que eu deveria seguir carreiras as quais eu não tinha nem cogitado seguir.
Então tive um lampejo.
Sentada num ônibus esperando o tempo passar decidi que o que eu deveria fazer da vida teria que ser algo que me aproximasse de Deus. Que unisse algo que gostasse, e algo que poderia ajudar alguém a evoluir. E como se fosse uma luz mágica, algo se aproximou de mim.
- Eu sou uma artista! Sempre fui!
E parecia que aquela ídéia sempre esteve aqui. E eu nunca quis enxergar.
Quando eu tinha 12 anos conheci um grupo de teatro chamado Kumpania dos Duendes, lembro deles terem lido um texto que tinha escrito sobre o meu pai. E vi eles chorando e me dizendo que eu nunca deveria parar de escrever. Aquilo mexeu comigo.
E num flash lembrei de tantas outras vezes que me disseram isso.
Nas palavras eu tenho poder de comandar um mundo inteiro. Sou a arquiteta dos meus sonhos quando escrevo. E eu amo isso.
Tantas vezes já criei blogs e já os deletei. Já comecei livros que nunca consegui acabar.
Isso não me incomoda mais. Faz parte de quem sou.
E pensando que dessa vez preciso continuar criei esse blog.
Ele é um pedaço de mim. Porque ponho o que penso nele. Espero que vocês se encontrem aqui. E tornem do meu lar, um pouco do lar de vocês também.
E nesse novo blog, teremos uma agenda diária que tentarei seguir. Abaixo segue os dias e tipos de postagens para o mês de setembro. Será uma experiência. E se não funcionar dessa forma, faremos de outra do próximo mês.


Divirtam-se e, se puderem, divulgue o blog!