Resenha de "Perdendo-me" (Cora Carmack)

"Faltou algo"

Sinopse: VIRGINDADE. Bliss Edwards vai se formar na faculdade e ainda tem a sua. Chateada por ser a única virgem da turma, ela decide que o único jeito de lidar com o problema é perdê-lo da maneira mais rápida e simples possível com uma noite de sexo casual. Tudo se complica quando, usando a mais esfarrapada das desculpas, ela abandona um cara charmosíssimo em sua própria cama. Como se isso não fosse suficientemente embaraçoso, Bliss chega à faculdade para a primeira aula do último semestre e... adivinhe quem ela encontra?




Olha, eu sou uma pessoa que costuma gostar bastante dos New Adult que lê. Nem sempre será aquela história inesquecível e emocionante, mas certamente me divirto muito e algumas vezes favorito livros dessa categoria. O problema quando você gosta de um gênero é a expectativa. Odeio criar essa emoção na boca do estômago antes de pegar um livro e ele não ser exatamente o que esperava. E nesse caso, esperava muito de Perdendo-me. 
A premissa é simples e legal. 
Bliss é virgem. Prestes a acabar a faculdade, está se sentindo péssima por ainda ter esse laço que a prende ao passado. Motivada por sua melhor amiga, resolve que chegou a hora de mandar a perseguida trabalhar, e daí elas vão para a night em busca do felizardo que não vai precisar comprar a virgindade de Bliss, mas se saciará mesmo assim. É lá, e meio sem querer, que conhece Garrick. Um gato que está lendo Shakespeare num bar super movimentado. Eles começam a conversar, pinta um clima e então saem juntos. O problema é que na hora a garota trava e inventa uma desculpa ridícula para não dormir com ele. Achando que nunca mais verá o homem, ela encara o primeiro dia do último semestre de aula. E adivinha quem é o novo professor?

Mais básico do que isso impossível, não é? 
Pessoalmente adoro histórias onde existe envolvimento entre professor e aluno, mas nesse caso só funcionou até a metade do livro. Sinceramente queria entender como algo que começa tão bem, consegue despencar do meio para o fim, como foi o caso de Perdendo-me. 

Gosto do casal de protagonistas. Bliss é meio doida, mas é perdoável para mim porque ela é uma espirante a atriz. Está se formando em Artes Cênicas e eu bem sei que essa positividade em viver é uma característica marcante nesse meio artístico. Ao mesmo tempo sinto que ela tem uma frieza que me incomoda. É como se existissem duas nuances da mesma pessoa na história. Como se a autora tivesse mudado a linha de raciocínio dela em momentos específicos. 

Garrick é outro que oscila no desenvolver do livro, mas no caso dele é bem menos do que no de Bliss. Acredito que é porque vemos tudo pelo POV dela, e daí nos sentimos intimamente ligados. No caso dele não sei se ele é de fato um galanteador, ou um romântico disfarçado. Ou os dois. O cara não gosta de Shakespeare, mas certamente curte Um Bonde Chamado Desejo. O que pensar de um personagem assim? Para mim que ele é mais prático do que bobo apaixonado, não acham? Mas tem horas que quero bater na burrice dele com a ponta da minha bota ridícula de trabalho. Começa confiante e vira um cão sem dono. Será que amor justifica tudo? Sei não... Vocês bem sabem que não acredito nesses amores que vomitam arco-íris. 

Sem contar que a personagem se manteve virgem por vinte e tantos anos, e daí começa a salivar por causa de um sorriso "arranca calcinha"? Ah, vá! Sério? Isso não cola comigo. Foi racional a vida toda para depois morrer porque um cara está lendo Shakespeare em um bar?Tudo bem, eu também ficaria derretida, mas não me jogaria em cima dele. Eu acho. Enfim, achei que isso teve uma característica de livro erótico, e uma das características que não gosto. 

Penso também que a autora poderia ter explorado mais esse dilema de professor e aluno. Colocou umas duas cenas bacanas e esqueceu de tornar isso um crescente. Um drama que poderia ser super adulto e gostoso, se tornou juvenil e forçado. Pedia mais e merecia mais do que aquilo. 

No geral foi um livro divertido e só. Como disse, gosto de coisas que me tirem da minha zona de conforto, e nem sempre precisa ser um drama, heim! Sophie Kinsella faz isso muito bem quando me coloca para rir. Gosto de ser surpreendida positivamente. Com Perdendo-me me senti lendo mais do mesmo. Bom para passar um tempo apenas. 

Meses esperando por uma versão nacional de um livro que a blogosfera gosta, mas que pessoalmente eu não achei essas coisas todas. A nota do próximo livro (é uma série de livros individuais) no Goodreads é melhor, e espero que ele seja realmente melhor. Esperando com cautela.