Resenha de "Jonathan Strange & Mr. Norrell" (Susanna Clarke)

Título: Jonathan Strage & Mr. Norrell
Autor: Susanna Clarke
Editora: Seguinte
Adicionar: Skoob


Sinopse: Jonathan Strange & Mr. Norrell - A prática da magia foi considerada extinta da Inglaterra desde os tempos medievais do Rei Corvo. Em 1806, aqueles que se intitulam magos são apenas estudiosos da história da magia. Mas, um dia, dois desses magos teóricos resolvem investigar os motivos do desaparecimento da magia. E assim conhecem Mr. Norrell, um mago recluso que desafia a todos ao mostrar seus poderes. Para provar que a magia ainda existe, Mr. Norrell reúne os magos teóricos na catedral de York e faz com que as estátuas de pedra comecem a falar. Em troca de seu ato, exige a imediata dissolução da Sociedade de Magos. Agora com fama e poder, ele abandona a reclusão e vai para Londres, onde colabora com o governo no combate a Napoleão Bonaparte. Começa então a colocar em prática seu plano secreto de controlar a magia na Inglaterra. Tudo vai bem, até o momento em que seu discípulo, o arrogante e impetuoso Jonathan Strange, resolve se rebelar contra a visão restrita de Norrell sobre o lugar destinado à magia. Strange decide seguir seu próprio rumo como mago e resgatar os poderes do lendário Rei Corvo, mas acaba colocando em risco a si próprio, aos que o cercam e à toda a Inglaterra.

Uma coisa é certa... Susanna Clarke não só é uma excelente escritora de fantasia-  algo difícil na modernidade - como também uma fantástica historiadora! O livro, que parece nos assustar de início pelo tamanho, fica parecendo um conto depois que você pega embalo nele, como a maioria dos livros de fantasia bem escritos. A ambientação é tão importante quando a velocidade da narrativa, e a autora não deixa a peteca cair em nenhuma das muitas páginas. 

Confesso que o começo é meio confuso e cansativo. Conhecemos uma Inglaterra onde existe a magia, mas uma magia bem mais catedrática do que de fato prática. Algo do tipo... existe um grupo de magos, mas nenhum deles pratica de fato magia. Irônico, né? 

Isso até surgir o incrível e soturno Mr. Norrell, um homenzinho já de idade, notável pela quantidade de conhecimento que acumulou na vida, e que possui o talento de praticar magia, por causa dos estudos na área. Depois dele nada mais será como antes no país. 

O livro é dividido em três partes. Três importantíssimas partes! A primeira é inteira de Mr. Norrell, mas isso não significa que outros personagens relevantes na história não irão aparecer. Essa primeira parte é cansativa porque o ritmo que a autora deu, segue o ritmo de cada personagem. Norrell é lento, portanto o ritmo é lento. 

A segunda parte é do vivaz Jonathan Strange, de longe meu personagem amorzinho do livro. O que existe de mago estudioso e esforçado em Norrell, existe de talento natural em Strange. Isso significa que um precisa se esforçar bastante para obter a magia, e para o outro ela vem normalmente. O primeiro é o tipo de homem que pensa bastante antes de agir, e o segundo age bastante antes de pensar, causando alguns problemas interessantes. É como se fossem o Yin e Yang. Gostei muito dessas diferenças complementares que a autora colocou em ambos. 

A terceira parte é narrada por um personagem que já aparece na primeira parte, e que não vou falar de quem se trata porque o legal é descobrir durante a leitura. Mas confesso que foi um baque para mim a relevância dele na história! Quando ele apareceu de início eu percebi que existia algo muito importante no cara, o difícil foi conseguir saber o que era, e quando a gente descobre... Ai ai, autora, você me conquistou eternamente ao trabalhar com importância personagens que seriam rejeitados sociais na época em questão. (Aplausos para você!). 

Ler esse livro é uma aventura a parte. Nada do que eu disser vai fazê-los entender o quão gostosa foi essa leitura. Não é o que chamamos de High Fantasy, como o caso de Tolkien. Aqui é o tipo de fantasia urbana onde a magia e a história se mesclam. Preciso dizer que aparecem figuras realmente histórias no livro, e elas se unem legal na trama sem ficar forçado. 

Não é um livro que se explique, é um livro para se viver! 
Gostando ou não de fantasia, duvido que a leitura dele deixe de ser um marco da sua vida como leitor. Não se assustem com o tamanho, acredite que as páginas passam voando e quando acaba você fica implorando por mais. 

Se você, como eu, anda desacreditado das fantasias modernas, apostem em Jonathan Strange e Mr. Norrell, e entenda o motivo do título levar o nome completo de um, e só o sobrenome do outro. E porque o tal personagem misterioso da terceira parte, não leva o nome na capa. 

Ai, gente, vão logo ler esse trem!