Resenha de "Ruína e Ascensão" (Leigh Bardugo)

Título: Ruína e Ascensão
Autor: Leigh Bardugo
Editora: Gutemberg (Cedido em Parceria)
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Sinopse: A capital caiu.O Darkling comanda Ravka em seu trono das sombras. Agora o destino da nação depende de uma Conjuradora do Sol arruinada, de um rastreador desonrado e dos cacos do que antes fora um grande exército mágico.
No fundo de uma antiga rede de túneis e cavernas, uma fraca Alina deve se submeter à duvidosa proteção do Apparat e daqueles que a veneram como uma Santa. Porém, sua mente está na busca pelo misterioso pássaro de fogo e na esperança de que um príncipe foragido ainda esteja vivo.
Alina deverá formar novas alianças e deixar de lado velhas rivalidades, enquanto ela e Maly buscam pelo último dos amplificadores de Morozova. Mas assim que começa a elucidar os segredos do Darkling, ela descobre um passado que mudará para sempre seu entendimento sobre a ligação que os une e o poder que ela carrega. O pássaro de fogo é a única coisa que está entre Ravka e a destruição — e reivindicá-lo pode custar a Alina o futuro pelo qual ela tem lutado.

Gosto de fantasias bem escritas, e posso encher a boca para dizer que Leigh Bardugo é especialista nisso de muitas maneiras diferentes. Acho que um bom livro fantástico te tira da zona de conforto do conhecido e te joga em algo tão novo que você se prende justamente pela expectativa do conhecimento. Foi o que ela fez com a trilogia Grisha, 

Como é o fechamento de uma série, não vou me ater ao que acontece de fato na história. Vocês precisam ler os livros anteriores para, no mínimo, entender o que significa um Darkling, que é o básico para se inserir nesse mundo magnífico. Então vou comentar sobre as minhas impressões com o livro como fechamento de uma série, e sobre a evolução dos personagens. 

De modo geral Ruína e Ascensão foi uma surpresa para mim. Não a princípio, porque de fato esperava por aquilo. Só achei que o meio da história foi uma transição para explicar como estava o mundo com o reconhecimento da Santa Alina, e como conclui o duelo entre os dois protagonistas principais. Mas quando cheguei ao final, depois de esperar tanto por ele de forma quase homérica, meio que fiquei sem reação aos acontecimentos que a autora ia inserindo numa rajada quase de metralhadora. Não que tenha sido ruim, porque de fato não foi; apenas surpreendente em muitos aspectos. 

O crescimento de Alina é quase palpável nesse terceiro livro. Ela tanto pode se apresentar como uma pessoa generosa, como também ter ciência de que não dá para ser legal sempre, e que todo mundo, tendo poderes terríveis ou não, está sujeito em algum momento a mudar de lado simplesmente movido a um sentimento. Isso a autora deixou bem claro, só achei que faltou explorar esse outro lado de Alina, como também abrir uns capítulos extras para entendermos o que se passava na cabeça do fantástico vilão dessa trilogia. 

As relações sociais também evoluem bastante por aqui. A menina que costumava ser banida dos círculos passa a ser uma líder para muitos dos que a perseguiam. Também passa a ser vista como uma Santa por metade das pessoas, o que a irrita bastante. Maly também tem um crescimento nessa história, só não sei se foi forçado ou proposital. Até o livro anterior Maly para mim era só um coadjuvante que rondava por ali fazendo nada de importante. Dai veio esse livro e "bum", o cara se revelou. Não gosto mais de Maly pelos acontecimentos dessa história, mas ele provou seu valor de maneira correta. 

É interessante ver a evolução da protagonista e dos relacionamentos dela quando chegamos nas últimas páginas, onde parece que um ciclo se fecha e ela meio que volta a ser a Alina do princípio, só que mais madura e consciente de seu novo lugar no mundo. O problema é que esse novo lugar passa longe de ser o que esperávamos que fosse, mas de alguma forma me colocou para pensar sobre a jornada do herói na fantasia, e como quase todo livro bem escrito no gênero o personagem é cíclico, como o caso de Frodo Bolseiro em O Senhor dos Anéis, que volta para o Condado com uma sensação de vazio. Então, sim, é nostálgico ao ponto de apertar o coração. 

O único motivo de não ter dado cinco estrelas a Ruína e Ascensão foi o meio da história, que achei bastante cansativo, redundante e pouco funcional. O final também me incomodou um pouco. Mesmo que tenha amado a forma como Bardugo concluiu a trama, fiquei meio chateada de não ver o embate final da forma como gostaria de ter visto. Esperei muito por aquilo, e foi bem diferente. Mas tudo bem, porque a mulher soube como escrever o bendito fim. 

É uma série que gostaria bastante de ver nas telas do cinema. Acho que esse clima de fantasia russa iria pegar muito bem para os fãs do gênero. Vamos esperar que algum ser abençoado descubra essa maravilha e queira adaptar. 

Foi uma série que amei de modo geral. Tive meus altos e baixos com ela, mas é muito difícil um livro de fantasia não deixar essa sensação no leitor. Contudo digo e repito que se você quiser ler uma fantasia bem construída e bem escrita, aposte com gosto na trilogia Grisha.